terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Sem luz - Marah Mends


Sem luz.

Há dois gêneros de valores opostos nesse exagero intencional: é a cara de espanto; é a carne pisada; é a moradia improvisada; é a ausência do saneamento básico. É o corre! É o medo!
Há dois gêneros de valores opostos nesse exagero intencional: é o dedo que aponta; é o cacete que come; é o estatuto no lixo; é a propina no bolso de quem oprime. É a provocação! É o prazer pela austeridade!
Há dois gêneros de valores opostos nesse exagero intencional?
Dois triângulos juntos formam uma quase estrela que brilha, brilha, brilha, brilha, brilha, brilha, brilha, brilha, brilha... nove vezes brilha antes de se embrenhar na calada a captar as caras de espanto e os corpos se encurralando perto das moradias improvisadas onde falta saneamento básico. É o corre! É o medo!
Os olhos ficam tão tristes quando perdem a luz, a luz, a luz, a luz, a luz, a luz, a luz, a luz, a luz.
Nove vezes, olhos sem luz...

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