Ano
passado em 2016, o coletivo Poesia é da hora organizou e acompanhou passeios
culturais mensais para o povo de rua, em diversos pólos artísticos da cidade de
São Paulo: Museu do Imigrante, Museu Penitenciário, Memorial da Resistência, Pinacoteca,
Museu Judaico, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural da Caixa, Centro
Cultural São Paulo, Centro Cultural da Juventude, Museu de Arte Sacra entre
tantos... Foi mó trampo de resistência, a gente teve dificuldade com o transporte
dos grupos, barramos em burocracias de gestões que dizem que “assistem” o povo
de rua, o planejamento era um e os imprevistos outros, mas aos poucos fomos nos
acertando e superando as adversidades. Foram diversos centros culturais visitados
e a cada visita, sensações múltiplas, aprendizagens e até vibes para novos
textos.
Eu tenho
uma péssima memória para guardar nomes e uma facilidade em detectar sensações. No
dia do passeio para a Pinacoteca, fui até o Núcleo Prates, ali no Bom Retiro,
para buscar um grupo que ia passear. A gente ia a pé mesmo, conversando,
atravessando as calçadas sob os olhares de estranhamento e preconceito. Não dá
pra achar isso normal... esse olhar! É dose!
Um
senhor que nos acompanhava no grupo, tinha por volta de cinquenta e poucos anos.
Ele me contou durante o caminho que estava albergado há mais de seis meses, gostava
de pinturas em tela, que já tinha feito curso de desenho e tinha vontade de ver
as obras do Almeida Junior... e foi por isso que topou ir pro passeio porque na
Pinacoteca tem obra do pintor... Aquilo me despertou algo...
Durante
o passeio monitorado que durou em média uma hora e meia, fiquei observando na
miúda o olhar daquele senhor quando entrou na Pinacoteca, quando viu as
pinturas e quando se deparou com as obras do pintor ituano.
Aquela
cena do encantamento dele mediante a obra que ele dizia que admirava, me inspirou
a escrever: Almeida Junior sorriu, que está na página 37 do livro: O povo de
rua resiste!
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