Ao deitar-se, teve um declínio cognitivo leve, não lembrava se havia escovado os dentes. Como saiu do banheiro e deitou na cama mesmo? Saiu? Deitou? Plunct plact zum, um pedaço da memória em lugar nenhum. Salve, Raul!
É ruim um declínio cognitivo leve, mas poderia ser pior, como não lembrar de tomar a pílula para estar de pé na manhã seguinte. Pílula para acordar, pílula para desencanar, pensar, dormir, pílulas… que nem sempre são em formatos de pílulas, já que cada um reinventa a sua.
Ao puxar o eixo cronológico somado a sua identidade, lembrou-se de quando combinou, em seu quarto, com as energias do universo, que um dos sinais de que o seu tempo neste caleidoscópio de emoções estivesse perto, era quando começasse a esquecer da coisas. porque foi exatamente assim com seus ancestrais mais próximos: o declínio cognitivo leve.
O semblante ainda estava atônito ao fechar os olhos, precisava acalmar o peito e relaxar o mosaico de elementos físicos e psíquicos, senão, acordaria com olheiras. Acordaria? Ainda sonhava? Ainda acreditava? Quando deixou de experimentar o mundo através dos sentidos? Dói só passar por ele?
Finalmente descansou as pálpebras, os sentidos, o declínio cognitivo e flutuou na liminar da inexistência.
Marah Mends
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