sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Encaçapando vulcões - Marah Mends


Encaçapando vulcões.

Nada mais temia: nem situações, nem pessoas, tão pouco o emaranhado atroz da gosma cuspida diariamente pela vida, essa mesma que dizem ser sagrada.
Conhecia como ninguém o berço da maldade, porque nele dormiu desde cedo. Quem não adquire maldade, não sabe detectá-la e, automaticamente se torna alvo dela. A maldade, em um mundo velado de bondade, é não se deixar ajoelhar por nada e por ninguém. Mas vão chamá-la por outro nome qualquer, pejorativo, decerto.
Para distrair o tempo, encaçapa vulcões em taças de cristal, depois bebe, se enterte e interage com o mundo a dar vazão. O mundo é um lugar raso demais para a sua preexistência: é gente demais! Barulho demais! Olhares vazios demais! Melhor tomar vulcões mesmo, a catástrofe é melhor assim, aliás, de fato, não tem como dar certo essa relação. É muito radical pra pouco prefixo ensaiado.

Marah Mends.

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