quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Já começou amanhã - Marah Mends


Já começou amanhã.

Há tumultos internos em seus gestos. E intervalos meticulosamente cronometrados dentro dessa universalidade que liga o que foi e o que é.  Sigo observando as cores das linhas curvas, quase que num sorvo; evitando palavras que só latem, mas não mordem, uma autodefesa, talvez.
Em casa de poeta não falta papel, mas cadê o raio da caneta para descrever essa apreciação aparentemente insignificante, cadê? Como acondicionar na memória se nem me lembro como cheguei nisso? Em passos vacilantes, naturalmente. Balbuciando incoerências expelidas por pensamentos que atropelam a fala, provavelmente.
De uma extremidade a outra do universo, dá pra ouvir uma voz que não soa, ecoa como um coice de soslaio em estado de suspensão.  Há combate e ternura numa só voz, num só coice, tudo junto e misturado, lado a lado, sem sequer estar.
Nem tudo que intriga, instiga. Às vezes é só autonomia fonética, alimentado folha pálida nesse dia que começou amanhã. E vai ultimar ontem.

Marah Mends.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

PROJETO POESIA É DA HORA COMPLETA 06 ANOS E FAZ FESTA NO BAR DO FRANGO

06 anos do projeto Poesia é da hora. Bar do Frango. Eita noite boa! Noite de festa! Noite de aniversário! Noite celebração da arte,...